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“O que levo diariamente para casa e que me faz voltar no dia seguinte são as pessoas” com Dra. Joana Lopo, Médica Interna de Medicina Interna

Synchro by Egor: Ago 7, 2024

Na Synchro Health, procuramos partilhar histórias inspiradoras de profissionais dedicados. Neste âmbito, entrevistámos a Dra. Joana Lopo, médica interna de Medicina Interna. Apaixonada pela sua profissão, partilhou connosco as suas motivações, desafios e visões sobre o futuro da medicina.

O que a inspirou a seguir a carreira de medicina?

Das primeiras brincadeiras que temos enquanto crianças é de cuidar dos brinquedos. Sempre me identifiquei com essa posição, a de cuidar de algo/alguém, mas já foi na adolescência que comecei a pensar nisso de forma mais definitiva. Ainda enveredei por outra área, mas a certa altura da vida fez sentido tomar este caminho e sem dúvida que foi a decisão certa.

Qual foi a experiência mais memorável ou gratificante que teve com um paciente?

De verdade que não consigo identificar uma experiência per se. Consigo sim dizer que o que levo diariamente para casa e que me faz voltar no dia seguinte são as pessoas.

Como consegue equilibrar a vida profissional e pessoal, especialmente numa profissão tão exigente?

Isso é outra história. Gosto de pensar que sim, embora tenha perfeita noção que falto bastante aos meus. Faço questão de estar nos momentos mais importantes de cada um e nos outros, pelo menos faço para que nada falhe.

Tem algum hobby ou atividade que gosta de fazer para descontrair fora do trabalho?

Eu tenho imensas coisas que gosto de fazer fora do trabalho, mas confesso que ultimamente tem sido difícil dedicar-lhes o tempo necessário.

Se não fosse médica, que outra profissão escolheria e porquê?

Se não fosse médica seria nutricionista. É o meu primeiro curso, mas a vida encarregou-se de me mostrar que este era o caminho.

Qual é o mito mais comum sobre a medicina ou a sua especialidade que gostaria de desmistificar?

O maior mito é sem dúvida de que os médicos são ricos ou que pelo menos ganham bem. Gostava de oferecer as minhas condições de trabalho a muitos para ver se aceitariam. Quem está é porque gosta, e quem fica é porque adora. A quantidade enorme de horas extra que nos são exigidas roça o desumano e das condições de trabalho já nem falamos. As famílias queixam-se dos cuidados aos seus, mas na saúde são pessoas e cuidar de pessoas e ambos os lados precisam de ser cuidados.

Como vê o futuro da medicina com os avanços tecnológicos atuais?

A tecnologia faz parte da medicina atual. Já não se imagina uma medicina sem ela. Por mais que muitos queiram insinuar, na minha modesta opinião, os robots nunca substituirão o Homem na Medicina. Podem realizar parte do trabalho e facilitar bastante o mesmo, com out comes diretos nos resultados, mas vai sempre fazer falta a interpretação do subjetivo. Quiçá um dia morda a língua e a máquina evolua até este ponto…

Como se mantém atualizada com as últimas pesquisas e avanços na sua área de especialização?

Com muito estudo nas horas livres e consultas em sites internacionais. A internet é fundamental nesse aspeto bem como as formações que vamos tendo em e para o serviço.

Que conselho daria aos médicos recém-formados que estão a começar as suas carreiras?

É verdade que a profissão não está a passar por um bom momento. É de conhecimento geral que estamos em luta e que os tempos que se avizinham não vão ser fáceis para nenhuma das partes.  Mas, sinceramente, espero deles que escolham com o coração. Que se dediquem. Que façam por querer acordar cada dia a querer fazer mais e melhor. Que aprendam a defender-se. Que lutem pelo que querem. Que não deixem que lhes tirem direitos. Que lutem por recuperar os que nos obrigaram a perder. Que lutem pelos utentes. Que lutem por este bem comum que é o SNS.

E aos jovens que estão a considerar seguir a carreira de medicina?

Dizer-lhes que são muito bem-vindos à profissão mais nobre. Que é duro, mas que os prós superam em larga escala os contras!

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